quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Pra se sentir melhor

Isso não é uma indireta. Qualquer um que nos conhece vai saber pra quem é esse texto.

Talvez seu maior mecanismo de defesa, desde então, tem sido mentir pra si dizendo que "foi melhor assim." Ou então que "não era pra ser".

O caralho que não era.

Todo mundo sabe os "quem", "comos" e "porques". E todos sabem que as coisas poderiam ser como eram até hoje se não fosse por você jogando o seu saco de merda no ventilador. E até hoje não entendo se foi você que mudou ou só a máscara que caiu. Nunca vou saber.

E não, eu não estou melhor. Não sou mais o mesmo desde então. Vivo uma dicotomia pessoal há quase um ano, sei quem sou, mas não me agrada nem um pouco. Hoje, tem muito mais de monstro do que de médico aqui dentro. Você não sabe como é acordar sentindo que o melhor de você não existe mais. Não sabe como é gostar e se apegar a novas ideias, novos rostos, novos nomes, mas no fundo não estar nem aí se eles vão estar vivos amanhã.

Eu não amo mais ninguém. Nem família, nem amigos, nem eu mesmo. Não ao ponto de me importar de verdade. Não ao ponto de me doar. Não ao ponto de me machucar pra evitar que outra pessoa se machuque.

A mão de quem muito trabalha fica calejada. Não se machuca mais, porém também perde a sensibilidade. E isso acontece com o coração de todo mundo que passa pelo que eu tenho passado, e não falo só de você, tem mil coisas acontecendo a todo momento: dinheiro, família, amigos. Tudo desabou de uma vez só. Poucos foram os que ficaram pra me ajudar. No final, apesar de eternamente grato a esses poucos, reconheço que nenhum deles conseguiu me ajudar de verdade.

Coisas boas aconteceram também, é verdade. Sou grato por elas. Mas pontos não consertam qualquer ferida. E mesmo a melhor das suturas sempre deixa uma cicatriz que você não esquece.

Aquela velha raiva que eu sentia de tudo voltou. Nunca me senti tão sozinho mesmo rodeado por dezenas de novas pessoas. Tento manter minha mente e meu corpo ocupados, há muito tempo abandonei o ócio, até mesmo nos momentos de descanso, sempre estou fazendo alguma coisa. Não adianta.

Eu voltei. O eu de verdade, aquele lá que você conheceu. No final, o monstro vence, o médico sai derrotado e o único jeito de acabar a história é matando os dois.

Não sinto sua falta. Sinto falta de quem eu era com você. Não consigo mais ser daquele jeito. Você levou embora a melhor parte de mim e, sinceramente, não sei o que mudou pra você e nem faço questão de saber, pra mim tanto faz.

Hoje tenho quase tudo que eu queria naquela época: alguns bons amigos pra compartilhar os momentos, um projeto onde faço o que gosto e um trabalho meia boca pra sustentar meus vícios. Hoje tenho mais inspiração do que nunca. Hoje sou mais inteligente e mais crítico do que jamais fui.

Mas já não é mais o bastante. No final, o prazer que isso me proporciona é muito pequeno em relação ao que sinto todas as noites antes de dormir. Hoje vejo maldade em todo lugar, hoje penso duas vezes antes de acreditar em qualquer um. Hoje não boto a mão no fogo por ninguém.

Meu ponto aqui não é te culpar, te julgar ou te atacar, mas somente alertar: você é responsável por aqueles que cativa. E acredite, preferia muito mais estar esfregando minha felicidade na sua cara, mesmo que fosse de mentira. Mas não é assim que as coisas são.

O vilão não é o cão que morde, mas aquele que conscientemente solta-o da coleira.

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