terça-feira, 24 de setembro de 2013

Asfalto

Depois de todo esse tempo acho que me acostumei.

Sei lá, a mente se cansa enquanto o corpo descansa. Ninguém sabe explicar o que acontece entre um dia e outro. Mesmo depois de seis meses ou mais, com as vidas correndo em direções totalmente diferentes e um turbilhão de coisas acontecendo e passando pela minha cabeça a todo momento ainda sinto alguma coisa.

Aquela raiva de sempre.

Velha amiga, desde sempre aqui comigo. Não sei se sou eu que uso dela ou se é ela que me consome. Mas me faz bem de certa forma. Faz eu me sentir vivo. E ao mesmo tempo, me destrói, me desconstrói. E eu corro para os cantos mais escuros da mente, fujo pro mundo que eu criei. Me tranquei a sete chaves dentro do porão pra nunca mais sair. Troquei as fechaduras pra nunca mais entrar.

Eu não me esqueci, não sou ingrato, não sou egoísta assim. Mas sinto que nada disso foi necessário. Uma vez ouvi dizer que só quem conhece o amargo sabe apreciar o doce. Mas hoje eu não sinto mais o doce nem que me enfiem uma colher de açúcar debaixo da língua. Só sinto o cheiro do asfalto molhado. E acho que isso é algo que ninguém nunca vai entender.

Eu não quero voltar, mas não quero esquecer.
Eu não quero pensar, mas eu quero entender.
Eu não quero sentir, mas eu quero fazer.
Eu não quero outro alguém, mas não quero você.

E no final, acho que não da pra sentir raiva pra sempre.

Nenhum comentário:

Postar um comentário