segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Ela foi diagnosticada numa sexta feira.

As crianças estavam quase em casa, estavam voltando da escola.

A cabeça enterrada na sarjeta dos sonhos não realizados e memórias destruídas das coisas que viriam.

"Eu sinto muito senhora, mas tenho que der as notícias. Sugiro que aproveite da melhor forma sua vida nas próximas semanas.

E toda noite, por três longas semanas, ela percorreu os corredores meio acordada. E conforme os passos foram sumindo, na minha mente eu podia jurar que ouvir ela dizer:

-"Não espere por mim, você tem muita coisa a fazer, muita coisas pra ser. E no final talvez no encontremos."

Ela perdeu a força num sábado. Passou o dia na cama.

-"Tudo bem, é só uma gripe" - ela disse com um sorriso, mas quando deram as costas as lágrimas escorreram pelo seu rosto.

Ela sabia que tinha pouco tempo pra viver, respirar, ser, ver, sangrar sobre seus dois pés enfraquecidos.

Então eu orava todos os dias:
-"Não leve minha mãe embora."

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As the footsteps die out forever, Thomas Kalnocky. Keasbey Nights, by Catch 22, 1998

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