quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Dimitri, o garoto invisível

Dimitri era um garoto invisível.

Não no sentido literal da palavra, mas de uma forma muito mais interessante.

Na escola, Dimitri nunca andava com ninguém. Não era perseguido, não era respeitado, não era odiado, não era querido e nem mesmo notado pelos colegas e professores. Para todos, a existência de Dimitri era indiferente.

Em casa, Dimitri jantava com a família em silêncio, sem dizer nada. E aquele era o silêncio mais ensurdecedor que ele conhecia. As paredes berravam, mas todos continuavam quietos. Até que quebrasse alguma coisa, aprontasse alguma ou passsasse na frente da TV enquanto assistiam o noticiário, os pais de Dimitri nem notavam ele.

Seus amigos eram poucos. E os poucos, eram quase igual a todos os outros. A presença de Dimitri era irrelevante até entre os melhores amigos. Eles nunca pararam pra ouvir o Garoto Invisível de verdade, apenas esperavam sua vez de falar. Muitas vezes, nem se lembravam se Dimitri estava com eles em tal dia que aconteceu tal fato. É porque não fazia diferença alguma.

Dimitri cresceu, se formou, se casou. Continuou invisível na faculdade. Passou despercebido em todos os anos no seu trabalho. No seu casamento, era um fantasma.

Ele morreu, invisível. E na pedra do túmulo, ninguém lia seu nome. Mais uma tumba invisível no cemitério.

Nenhum comentário:

Postar um comentário