sábado, 26 de outubro de 2013

1191

E no ano novo, andei até o fim da rua só pra vê-la mais uma vez. Já imaginava, já era claro: seria a última.

Aquela casa enorme, linda. E vazia. Não só de moradores ou de mobília, mas de toda aquela energia que fluía de dentro pra fora. Livre de qualquer história que estivesse presa dentro daquelas paredes. E não tinha mais aquele cheiro característico que tinha nossa casa.

Era tua casa. Escura e vazia.

E eu me enchi de raiva, quis apedrejar as janelas, quis incendiar a sala, quis derrubar a fundação. Porque eu queria que tudo o que eu vivi lá pudesse voltar. Eu só queria de volta aquilo que eu fui. E todos aqueles momentos que me fizeram ser. Mas nada vai voltar, mesmo que devolvam a mobília, os moradores, o cheiro e a rotina, nada daquilo vai voltar. Não dá mais pra ser como era antes. Não iria conseguir mais ser aquele cara.

Essa casa não é mais minha, esse já não é mais eu.

Eu segui em frente, mas ninguém disse que seria bom.

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