quarta-feira, 17 de julho de 2013

Mar de Inverno

Estou confuso por não me sentir confuso.

Redundante. Como o cão que corre em círculos tentando morder o próprio rabo. Quanto mais ele corre, mais o rabo foge.

Vivemos numa época onde ninguém mais está bem. Todos estão perturbados, confusos, deprimidos, perdidos. Não conheço sequer uma pessoa com a cabeça no lugar.

Estamos todos loucos, cada um na sua maneira.

Mas nesses tempos, a sanidade tornou-se dispensável. Não preciso dela quando tenho a liberdade da democracia, o conforto dos relacionamentos vazios e o consumismo para preencher esse buraco no meu peito. Sou o homem branco Ocidental feliz do Século XXI.

E assim, esse Corsário que vos narra conta de uma vez por todas os detalhes de seu suicídio social. Puxar o cão, encostar o cano do revólver no céu da boca. De maneira lenta e firme, puxar o gatilho e decorar as paredes do convés com os seus pensamentos.

Não só o Dr Jekyll e o Mr Hyde vivem uma dicotomia comportamental. Enquanto navego esses gélidos mares de inverno, o monstro aparece bem mais que o médico.

A cada dia mais indiferente, mais distante, mais frio e racional. A cada dia sentindo menos empatia e comprometimento. Cada dia mais sozinho. E sinto-me bem por isso.

Pela primeira vez, não me sinto confuso com nada. Mas a falta de confusão me confunde.

Mas isso também vai passar, hora ou outra.

Eu não posso sentir raiva para sempre.

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