quinta-feira, 11 de julho de 2013

A última dança.

O que é catártico não se esquece assim. E ele jamais esquecia, ano após ano.

Ela era a maior promessa do conservatório. A mais graciosa, de movimento mais leves, mais disciplinada. Também era a mais bela e do coração mais puro. E ele era dela.

Talvez fosse a sorte ou seu vasto arsenal de qualidades - provavelmente, um pouco de cada - que a fizeram ser dele também. E talvez azar por estarem juntos na noite que vos narro.

Dezembro, fim de noite e chuva forte. Eles faziam planos para o ano que ia começar, a vida que traçaram juntos. Viver o amor verdadeiro mais belo e mais forte que em qualquer romance ou filme brega.

Ele não lembra direito se foi na curva ou divagando com as garrafas vazias no banco de trás. Um branco, nada mais.

Com lágrimas nos olhos, recebeu a notícia. Ele nunca mais a veria dançar.

Os sorrisos no caminho, um tango de palavras e gestos ao som da música que tocava no carro. Uma última dança antes da cortina vermelha se fechar.

E um último pedido: não mais se lembrar.

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