sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Me Desculpem

Primeiramente, deixo claro, mais uma vez, que nunca fui rei de lugar nenhum. Nem tampouco tenho um vasto currículo, um diploma de uma entidade respeitada. Não escrevi livros e nem sou um formador de opinião. Não me encaixo em qualquer um dos critérios ridículos que possam endossar a importância do que eu penso, do que eu faço e do que eu digo.

Então desculpe, eu não sou um deus. Nunca serei. Não tenho perfil e nem competência para tal e acredito que jamais terei. Eu sou um nada, apenas um descartável peão num tabuleiro de xadrez, ás vezes nem isso.

Não sou senhor da verdade e nunca acreditei ser. Desculpem-me se eu posso passar essa impressão.

Eu tenho um método muito eficiente para saber o quão boas as coisas estão. Basta ver o intervalo entre o presente e minha última postagem nesse espaço. Quanto mais longo, melhor minha vida está. Quanto mais curto, pior as coisas estão. Simples e eficiente.

Isso é porque eu escrevo aqui sempre que alguma coisa aqui dentro está errada. E se eu estou escrevendo, é porque eu estou sendo derrotado.

Dentro dessa pequena cabeça mora um monstro que quer devorar todas as minhas ambições, me isolar e me impedir de viver a vida plenamente. Vira e mexe ele aparece. Semana sim, semana não, ele faz eu me arrepender de ter nascido e travamos batalhas épicas nos confins da minha mente. E eu perco quase todas elas.

Então me desculpem por ser fraco.

Muitas vezes, por essa fraqueza, eu me torno duro, rude, inadequado. É quase inevitável. Se a boca diz aquilo do que o coração está cheio, não dá pra se esperar coisa boa de quem vive com raiva, medo e tristeza.

Me desculpem por isso também.

E por fim, eu me ponho a escrever no meio da madrugada. É como uma fuga. Como cuspir ao vento as palavras que imploram pra sair de minha boca, mas ninguém mais quer ouvir. E eu encontro, nelas, um estranho senso de beleza, de significância. Há uma melodia tocando por trás disso tudo que eu sou obrigado a ouvir. Então me sinto na obrigação de tentar reproduzi-la de maneira fiel.

Então, me desculpem por ser dramático.

E na minha tentativa fracassada de organizar o caos que é existir - tarefa que todo mundo parece conseguir executar com maestria - eu acabo me perdendo. Não consigo estabelecer metas nem ser responsável com meus compromissos. Muito menos progredir em qualquer sentido.

E me vendo o tempo todo sem razões para continuar, eu ainda me esforço em esperar que as coisas simplesmente mudem e melhorem, mesmo sem conseguir levantar um dedo para fazê-lo.

E ainda estou aqui. Há sete anos sem conseguir sair do buraco onde me enfiei. Cansado de gritar, bebendo água da chuva, comendo insetos e esperando o dia que alguém me jogue uma corda, mas sem ter certeza de que terei coragem para sair e ver o lado de fora mais uma vez.

Isso é tudo que eu sou, é tudo o que me sobrou.

Me desculpem por ser.

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