sábado, 16 de novembro de 2013

O fim como ele será

Houve um tempo onde todas as pessoas perderam a voz.

Não a capacidade de falar, de produzir sons, vocábulos ou palavras. Todos perderam, naquele tempo, a capacidade de se expressar.

A falta de expressividade levou à sociedade um caos de comunicação sem precedentes. Todos tentavam, a todo o tempo, expressar a dor que sentiam, o afeto, o carinho, a felicidade, os seus sonhos e suas ambições. Mas algo sufocava a todos.

Então os seres humanos tornaram-se máquinas frias que resumiam-se ao seu dever de produzir. E dessa forma, o homem regrediu a um estado primitivo onde vivia apenas por viver. Acordava todos os dias apenas por existir. Trabalhava apenas para se manter. Sorria apenas para sentir. Sentir qualquer coisa que desse sentido a um mundo onde todos gritavam, mas ninguém ouvia.

E já não havia mais dança, já não havia mais sorrisos. Já não havia mais a dor da partida nem a redenção da chegada. Não havia mais amor, não havia mais ódio. Nada era apaixonante, apenas frio e mecânico.

Submerso nesse caos onde todos queriam ser ouvidos, mas ninguém queria ouvir, o gênero humano entrou em extinção, mas até hoje ainda não descobriu e vaga pelo planeta em busca de respostas sem perguntas.

E a humanidade tornou-se, assim, submissa à própria ambição.

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