O incêndio na mata avançou muito rápido. As labaredas altas e chamas vorazes engoliram até mesmo a copa da mais alta das árvores. O fogo desceu a montanha rumo à cidade, trouxe com ele pânico, medo, caos e destruição.
Em pouco tempo, as ruas estavam vazias, tomadas pela fumaça, mal se podia enxergar. A fumaça queimava o nariz e irritava os olhos, então todos fizeram seus caminhos para dentro das casas.
Como uma neblina de incertezas, o antes simples ato de cruzar a rua se tornou um desafio imenso. Uma irônica metáfora com o que acontece na minha mente onde a fumaça me sufoca e não me permite enxergar. O que antes era simples agora torna-se cada vez mais difícil.
O fogo consumiu tudo que pode até a chuva cair e matar cada foco do incêndio resfriando o solo e purificando o ar. A fumaça dissipou-se em pouco tempo, as nuvens foram embora e o céu azul surgiu como que para lembrar a pureza que só somos capazes de reconhecer ainda crianças. Mas a chuva não reparou os danos do incêndio, a floresta tornou-se uma montanha de cinzas, os telhados das casas tomados pela fuligem, as estradas e ruas interditadas.
Espero ansiosamente pelo dia em que a minha chuva venha para apagar o fogo, lavar as calçadas e dissipar a fumaça dentro da minha cabeça para que eu possa arrumar a bagunça que o incêndio causou, consertar as casas, reflorestar a mata e respirar um ar mais puro. Mas em momento algum vou deixar de pensar o que mais tenho pensado:
Deveria ter te deixado sufocar na fumaça quando tive a chance.
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