Os mais religiosos gostam de falar em "provação". Acham que Deus pode fazer as coisas acontecerem só para testar a sua fé.
Eu não tenho religião. Pra ser sincero, considero a existência de deus(es) irrelevante para minha vida. Mas deve ser muito bom achar que tudo que acontece faz parte de um teste apenas.
E nos últimos meses tem sido muitos testes.
Desde que 2013 começou, praticamente tudo que poderia ter acontecido de ruim, aconteceu. Não vou ficar aqui me lamentando, pra mim já encheu o saco esse choro medíocre.
Chega.
Já prometi pra mim mesmo que vou lidar com tudo como deveria ter feito nos últimos 6 anos: de cabeça erguida, determinado, orgulhoso, com brio, sangue nos olhos. Pois é assim que eu sempre quis ser, é assim que passei a ser.
Quem nasce pra ser Rato nunca vai ser Leão. E vice-versa.
Hoje minha vontade de viver é maior do que em toda minha vida somada. E agradeço a todos que me ajudaram nesse aprendizado, me fazendo o bem ou o mal. Principalmente a quem fez o mal.
Encontrei a fé egocêntrica da qual eu precisava. Hoje acredito em mim como nunca na minha vida. Hoje tenho um propósito. Um objetivo maior que tudo o que eu já pensei em fazer na vida.
E se não fosse o fundo do poço, jamais essa catarse viria.
E se não fosse a solidão, jamais criaria esse novo ego.
Se existe a tal da provação, estou atropelando sem hesitação. E não é pra provar nada pra ninguém. Umas cicatrizes a mais já não fazem diferença alguma pra quem é desfigurado.
Pode colocar na lista, tanto faz.
Agora eu sei quem sou. E estou surpreso.
quarta-feira, 31 de julho de 2013
sexta-feira, 26 de julho de 2013
Dois mil e treze em três lições
1. Não confie em ninguém. O ser humano é falho, fraco e egoísta. Hora ou outra todo indivíduo acabará se corrompendo. Inclusive você
2. Busque sempre se conhecer. Você nunca saberá o que quer sem saber quem é.
3. Muitas vezes, a raiva será a única amiga a te ajudar a levantar quando cair. Valorize isso.
2. Busque sempre se conhecer. Você nunca saberá o que quer sem saber quem é.
3. Muitas vezes, a raiva será a única amiga a te ajudar a levantar quando cair. Valorize isso.
quinta-feira, 25 de julho de 2013
Gordo
Eu tinha dezesseis quando o Gordo me contratou.
Ele tinha uma oficina mecânica e precisava de um novo ajudante que viria a ser eu. Ele era um cabra rústico, homem à moda antiga: enorme, de feições grosseiras, barbudo e cara de poucos amigos, o que contrastava com seu jeito receptivo e ótimo senso de humor.
O Gordo me ensinou muitas coisas, dentro e fora do ofício, a segunda melhor lição que ele me ensinou foi no meu primeiro dia de trabalho:
"Nunca, sob hipótese alguma, mexa com o ego de um homem, com seu dinheiro ou com sua família. Se aprender a respeitar isso, vamos nos dar bem." - Abriu seu largo sorriso amarelo o proprietário da oficina.
Ele deveria ter uns quarenta e poucos anos e era casado com uma moça muito mais jovem. Uma loira dessas de parar o trânsito. Era tão gostosa que fazia todos pensar o que diabos ela estaria fazendo com um velho barrigudo de meia idade. Na oficina, diziam que ela era apenas uma caça dotes, só queria o dinheiro do patrão.
Quatorze meses depois de ter entrado naquela oficina pela primeira vez, Gordo me chamou para conversar. Ele dizia que estaria fazendo uma viagem importante na Sexta Feira e confiou a mim a tarefa de abrir a oficina no sábado. Deu-me um molho com as cópias das chaves das duas portas da frente, dos cadeados dos fundos, do escritório e até mesmo da sua casa. Ele me disse que voltaria na segunda e que seria tranquilo o dia no sábado.
Fiquei feliz pelo voto de confiança e fiz minha parte. No sábado, abrimos a oficina, e trabalhamos como em qualquer outro dia. Minha surpresa mesmo foi na Segunda Feira.
Gordo não apareceu no trabalho.
E como eu já disse, o cara era um cabra macho à moda antiga, trabalhava no frio, na chuva, doente... Até quando tinha morte na família ele não deixava de trabalhar. Só salvava os Domingos para pescar ou assistir os jogos do Palmeiras.
Comecei a me preocupar quando ele não atendia o telefone. A esposa gostosa também não tinha aparecido. Resolvi passar na casa dele.
Quando cheguei lá, notei que seu carro ainda estava na garagem. Interfonei algumas vezes, chamei pelo seu "nome". Pensei em ir embora, mas senti que alguma coisa estava errada. Deslizei a mão pelos bolsos, procurei o molho de chaves que ele deixou comigo. Experimentei uma por uma, até encontrar aquela que serviria no portão. Encontrei e abri.
Passei pela garagem chamando pelo seu nome. A porta da sala estava destrancada e ao abrí-la, foi surpreendido por um cheiro forte. Uma mistura de qualquer merda queimada com carniça. Aquele cheiro que tem o sangue quando seca.
Percorri a casa procurando pelo chefe, chamando-lhe sem resposta. Até chegar ao seu quarto onde encontrei a porta entreaberta. Empurrei. Ela abriu-se lentamente rangendo para me mostrar uma das cenas que eu queria esquecer.
No sábado, quando saía de viagem, Gordo recebeu uma ligação: a viagem estava cancelada. Voltou pra casa no sábado mesmo. Ele ouviu alguma coisa no quarto. Aproximou-se e abriu só uma fresta da porta, muito pouco para ser notado, o bastante para ver sua esposa cavalgando sobre o vizinho.
Gordo tomou-se pela fúria, mas ao mesmo tempo, por uma serenidade invejável. Caminhou até o quarto de pesca, passou a mão na espingarda, carregou com três cartuchos e voltou pro quarto.
Abriu a porta e deu o maior susto da vida do casal de amantes. A loira saltou de cima do vizinho, cobriu-se com o lençol e ensaiou dizer um esfarrapado "Não é isso que você está pensando", mas não teve tempo. Gordo mirou a espingarda no amante, ainda deitado na cama, parecendo não entender o que estava acontecendo. Apenas um pequeno puxão no gatilho, sentiu o recuo, o som ensurdecedor do disparo, o ar tomado pela fumaça e pelo cheiro de pólvora. O frenesi assassino dele era tão grande que escutava somente um zunido que abafava os gritos histéricos de sua mulher.
"Pumpeou" a espingarda, o cartucho deflagrado cai sobre o tapete envolvido em fumaça branca, uma nova munição entra na câmara e o cano aponta para a cabeça da esposa que agora pede perdão ajoelhada desnuda. Ele desfere um chute que a lança para o canto antes de disparar de novo, pintando as paredes do quarto com massa encefálica e mechas de cabelo loiro ensanguentado ainda presos ao couro cabeludo, ainda preso à pedaços do crânio.
Ele se senta na cama, e lá fica por alguns minutos, talvez horas. Até que percebe o que fez, se arrepende, e engatilha de novo a espingarda repetindo o macabro ciclo: cartucho vazio sai - cartucho cheio entra. O cano no queixo, o dedo no gatilho e lágrimas nos olhos. Agora o quarto tem um novo papel de parede capaz de chocar qualquer decorador.
Eu tinha dezessete quando entrei naquele quarto. A espingarda calibre 12 no chão suja pelo sangue seco de Gordo, morto sentado na cama. Seu corpo desfalecido, seu cérebro colado no Teto e o que sobrou do seu rosto parecia dependurar-se de sua cabeça baixa. Sua esposa parecia ter o crânio virado pelo avesso e o vizinho tinha um buraco no peito tão grande que eu poderia enfiar meu punho através dele. Todo quarto envolto em sangue, fedendo a carniça e pólvora onde moscas faziam a festa. A cena que seria facilmente confundida com um abatedouro foi a mais pura essência do que é o ser humano: brutal, selvagem, inescrupuloso.
Polícia. Perícia. Depoimentos. Semanas depois, saí da tal oficina, não conseguia mais trabalhar lá. Só conseguia pensar na melhor lição que Gordo me ensinou: não confie em ninguém. No final, somos todos animais e a selva não é tão pior quanto um quarto de dormir - ou um abatedouro.
Por hoje chega, preciso dormir um pouco.
Ele tinha uma oficina mecânica e precisava de um novo ajudante que viria a ser eu. Ele era um cabra rústico, homem à moda antiga: enorme, de feições grosseiras, barbudo e cara de poucos amigos, o que contrastava com seu jeito receptivo e ótimo senso de humor.
O Gordo me ensinou muitas coisas, dentro e fora do ofício, a segunda melhor lição que ele me ensinou foi no meu primeiro dia de trabalho:
"Nunca, sob hipótese alguma, mexa com o ego de um homem, com seu dinheiro ou com sua família. Se aprender a respeitar isso, vamos nos dar bem." - Abriu seu largo sorriso amarelo o proprietário da oficina.
Ele deveria ter uns quarenta e poucos anos e era casado com uma moça muito mais jovem. Uma loira dessas de parar o trânsito. Era tão gostosa que fazia todos pensar o que diabos ela estaria fazendo com um velho barrigudo de meia idade. Na oficina, diziam que ela era apenas uma caça dotes, só queria o dinheiro do patrão.
Quatorze meses depois de ter entrado naquela oficina pela primeira vez, Gordo me chamou para conversar. Ele dizia que estaria fazendo uma viagem importante na Sexta Feira e confiou a mim a tarefa de abrir a oficina no sábado. Deu-me um molho com as cópias das chaves das duas portas da frente, dos cadeados dos fundos, do escritório e até mesmo da sua casa. Ele me disse que voltaria na segunda e que seria tranquilo o dia no sábado.
Fiquei feliz pelo voto de confiança e fiz minha parte. No sábado, abrimos a oficina, e trabalhamos como em qualquer outro dia. Minha surpresa mesmo foi na Segunda Feira.
Gordo não apareceu no trabalho.
E como eu já disse, o cara era um cabra macho à moda antiga, trabalhava no frio, na chuva, doente... Até quando tinha morte na família ele não deixava de trabalhar. Só salvava os Domingos para pescar ou assistir os jogos do Palmeiras.
Comecei a me preocupar quando ele não atendia o telefone. A esposa gostosa também não tinha aparecido. Resolvi passar na casa dele.
Quando cheguei lá, notei que seu carro ainda estava na garagem. Interfonei algumas vezes, chamei pelo seu "nome". Pensei em ir embora, mas senti que alguma coisa estava errada. Deslizei a mão pelos bolsos, procurei o molho de chaves que ele deixou comigo. Experimentei uma por uma, até encontrar aquela que serviria no portão. Encontrei e abri.
Passei pela garagem chamando pelo seu nome. A porta da sala estava destrancada e ao abrí-la, foi surpreendido por um cheiro forte. Uma mistura de qualquer merda queimada com carniça. Aquele cheiro que tem o sangue quando seca.
Percorri a casa procurando pelo chefe, chamando-lhe sem resposta. Até chegar ao seu quarto onde encontrei a porta entreaberta. Empurrei. Ela abriu-se lentamente rangendo para me mostrar uma das cenas que eu queria esquecer.
No sábado, quando saía de viagem, Gordo recebeu uma ligação: a viagem estava cancelada. Voltou pra casa no sábado mesmo. Ele ouviu alguma coisa no quarto. Aproximou-se e abriu só uma fresta da porta, muito pouco para ser notado, o bastante para ver sua esposa cavalgando sobre o vizinho.
Gordo tomou-se pela fúria, mas ao mesmo tempo, por uma serenidade invejável. Caminhou até o quarto de pesca, passou a mão na espingarda, carregou com três cartuchos e voltou pro quarto.
Abriu a porta e deu o maior susto da vida do casal de amantes. A loira saltou de cima do vizinho, cobriu-se com o lençol e ensaiou dizer um esfarrapado "Não é isso que você está pensando", mas não teve tempo. Gordo mirou a espingarda no amante, ainda deitado na cama, parecendo não entender o que estava acontecendo. Apenas um pequeno puxão no gatilho, sentiu o recuo, o som ensurdecedor do disparo, o ar tomado pela fumaça e pelo cheiro de pólvora. O frenesi assassino dele era tão grande que escutava somente um zunido que abafava os gritos histéricos de sua mulher.
"Pumpeou" a espingarda, o cartucho deflagrado cai sobre o tapete envolvido em fumaça branca, uma nova munição entra na câmara e o cano aponta para a cabeça da esposa que agora pede perdão ajoelhada desnuda. Ele desfere um chute que a lança para o canto antes de disparar de novo, pintando as paredes do quarto com massa encefálica e mechas de cabelo loiro ensanguentado ainda presos ao couro cabeludo, ainda preso à pedaços do crânio.
Ele se senta na cama, e lá fica por alguns minutos, talvez horas. Até que percebe o que fez, se arrepende, e engatilha de novo a espingarda repetindo o macabro ciclo: cartucho vazio sai - cartucho cheio entra. O cano no queixo, o dedo no gatilho e lágrimas nos olhos. Agora o quarto tem um novo papel de parede capaz de chocar qualquer decorador.
Eu tinha dezessete quando entrei naquele quarto. A espingarda calibre 12 no chão suja pelo sangue seco de Gordo, morto sentado na cama. Seu corpo desfalecido, seu cérebro colado no Teto e o que sobrou do seu rosto parecia dependurar-se de sua cabeça baixa. Sua esposa parecia ter o crânio virado pelo avesso e o vizinho tinha um buraco no peito tão grande que eu poderia enfiar meu punho através dele. Todo quarto envolto em sangue, fedendo a carniça e pólvora onde moscas faziam a festa. A cena que seria facilmente confundida com um abatedouro foi a mais pura essência do que é o ser humano: brutal, selvagem, inescrupuloso.
Polícia. Perícia. Depoimentos. Semanas depois, saí da tal oficina, não conseguia mais trabalhar lá. Só conseguia pensar na melhor lição que Gordo me ensinou: não confie em ninguém. No final, somos todos animais e a selva não é tão pior quanto um quarto de dormir - ou um abatedouro.
Por hoje chega, preciso dormir um pouco.
quarta-feira, 24 de julho de 2013
Meninos e Lobos.
O garoto correu. Fugiu, dos lobos dentro da densa floresta. Sua determinação em viver era tão grande que só deixaria de correr quando suas pernas se quebrassem. E a alcateia, faminta, cerrava as presas e já sentia o gosto do sangue em suas bocas. Em um momento, ambas as forças se equivaleram de tal maneira que tanto o coração do garoto quanto os corações dos lobos batiam em uníssono. E nenhum som seria mais alto que aquelas batidas que faziam estremecer o mundo como se fossem trovões em noites de tempestades.
Nem os lobos devoraram o menino, nem ele conseguiu escapar. Ele foi expelido pela própria mata, mas já não era um garoto e sim, mais um dos lobos, caçando a inocência dos mais jovens. Um por um.
Nem os lobos devoraram o menino, nem ele conseguiu escapar. Ele foi expelido pela própria mata, mas já não era um garoto e sim, mais um dos lobos, caçando a inocência dos mais jovens. Um por um.
domingo, 21 de julho de 2013
Sete Passos
Minha mãe costumava dizer algo, sempre que me via como estou. E dificilmente as palavras dela podem estar equivocadas.
A frase que ela repetia sempre era: "Não podemos amar ninguém de verdade até termos amor próprio."
E sempre meu questionamento foi "Como posso me amar?". Nunca consegui. Mais do que isso, eu sempre me odiei. E me lapidei, para gostar mais de mim mesmo.
Porém nada disso deu certo, nunca funcionou, sempre era pior. Então fiz o contrário, há seis anos venho trabalhando pra me tornar o mais repulsivo possível.
Isso evitou que o que as pessoas digam ou pensem sobre mim me afete. Pois sempre vou me odiar mais do que qualquer um pode fazê-lo.
Agora percebi que toda minha raiva, todo meu rancor é de mim mesmo. E esse caminho é sem volta. Só tenho raiva de outras pessoas que me fizeram mal porque fui medíocre o bastante para tornar-me emocionalmente dependente delas.
Eu permiti isso. E só eu posso acabar com isso.
Não posso mudar o que sou ou como sou. O médico cria a monstro e não consegue mais matá-lo sem matar a si mesmo. Esse é o dilema.
Mas posso anular a importância e a dinâmica de cada relação através de um suicídio social.
E o primeiro passo é o desligamento gradual de tudo e todos que significam qualquer coisa. O afastamento de tudo que me mantém plugado a esse ciclo vicioso de amor e ódio. Assim evito as duas mãos do desapontamento.
O segundo passo é a desconstrução do ego e de qualquer outra expectativa. Assim, abandono o medo de falhar, o medo do julgamento, das consequências, da rejeição.
O terceiro passo é a busca de recursos materiais e financeiros para realização da obra.
O quarto passo é o isolamento social.
O quinto passo é a construção de um legado mais importante que minha existência em si. Com ele, posso ensinar alguma coisa às outras pessoas. Um auto-aperfeiçoamento necessário.
O sexto passo é o exílio, afastar-me fisicamente e mentalmente de tudo e de todos.
O sétimo passo é o fim do indivíduo em si. E a criação do ego ideal.
A frase que ela repetia sempre era: "Não podemos amar ninguém de verdade até termos amor próprio."
E sempre meu questionamento foi "Como posso me amar?". Nunca consegui. Mais do que isso, eu sempre me odiei. E me lapidei, para gostar mais de mim mesmo.
Porém nada disso deu certo, nunca funcionou, sempre era pior. Então fiz o contrário, há seis anos venho trabalhando pra me tornar o mais repulsivo possível.
Isso evitou que o que as pessoas digam ou pensem sobre mim me afete. Pois sempre vou me odiar mais do que qualquer um pode fazê-lo.
Agora percebi que toda minha raiva, todo meu rancor é de mim mesmo. E esse caminho é sem volta. Só tenho raiva de outras pessoas que me fizeram mal porque fui medíocre o bastante para tornar-me emocionalmente dependente delas.
Eu permiti isso. E só eu posso acabar com isso.
Não posso mudar o que sou ou como sou. O médico cria a monstro e não consegue mais matá-lo sem matar a si mesmo. Esse é o dilema.
Mas posso anular a importância e a dinâmica de cada relação através de um suicídio social.
E o primeiro passo é o desligamento gradual de tudo e todos que significam qualquer coisa. O afastamento de tudo que me mantém plugado a esse ciclo vicioso de amor e ódio. Assim evito as duas mãos do desapontamento.
O segundo passo é a desconstrução do ego e de qualquer outra expectativa. Assim, abandono o medo de falhar, o medo do julgamento, das consequências, da rejeição.
O terceiro passo é a busca de recursos materiais e financeiros para realização da obra.
O quarto passo é o isolamento social.
O quinto passo é a construção de um legado mais importante que minha existência em si. Com ele, posso ensinar alguma coisa às outras pessoas. Um auto-aperfeiçoamento necessário.
O sexto passo é o exílio, afastar-me fisicamente e mentalmente de tudo e de todos.
O sétimo passo é o fim do indivíduo em si. E a criação do ego ideal.
quarta-feira, 17 de julho de 2013
Exílio
Preciso sair desse ciclo vicioso antes que se torne impossível. Esse nunca foi o final que eu quis, eu não escolhi isso.
Alguém pode me ouvir? Será que alguém pode me ouvir, por favor?
Estou cansado de ouvir vocês, tenho muito a falar, tem muita coisa esperando para sair daqui de dentro. Mas dizer isso para vocês é pura perda de tempo. Nunca vão entender. Nunca vão perder seu tempo com algo que não envolve teu ego. Nunca vão se dar o trabalho de compreender.
Me tornei mesmo um cínico de merda. E agora todos parecem e me soam como merda o tempo todo.
Eu me acostumei a frequentar o fogo. Agora quero incendiar tudo de novo. É assim que eu nunca deveria ter deixado de ser.
To saindo daqui por tempo indeterminado. Cansei disso tudo.
Alguém pode me ouvir? Será que alguém pode me ouvir, por favor?
Estou cansado de ouvir vocês, tenho muito a falar, tem muita coisa esperando para sair daqui de dentro. Mas dizer isso para vocês é pura perda de tempo. Nunca vão entender. Nunca vão perder seu tempo com algo que não envolve teu ego. Nunca vão se dar o trabalho de compreender.
Me tornei mesmo um cínico de merda. E agora todos parecem e me soam como merda o tempo todo.
Eu me acostumei a frequentar o fogo. Agora quero incendiar tudo de novo. É assim que eu nunca deveria ter deixado de ser.
To saindo daqui por tempo indeterminado. Cansei disso tudo.
Mar de Inverno
Estou confuso por não me sentir confuso.
Redundante. Como o cão que corre em círculos tentando morder o próprio rabo. Quanto mais ele corre, mais o rabo foge.
Vivemos numa época onde ninguém mais está bem. Todos estão perturbados, confusos, deprimidos, perdidos. Não conheço sequer uma pessoa com a cabeça no lugar.
Estamos todos loucos, cada um na sua maneira.
Mas nesses tempos, a sanidade tornou-se dispensável. Não preciso dela quando tenho a liberdade da democracia, o conforto dos relacionamentos vazios e o consumismo para preencher esse buraco no meu peito. Sou o homem branco Ocidental feliz do Século XXI.
E assim, esse Corsário que vos narra conta de uma vez por todas os detalhes de seu suicídio social. Puxar o cão, encostar o cano do revólver no céu da boca. De maneira lenta e firme, puxar o gatilho e decorar as paredes do convés com os seus pensamentos.
Não só o Dr Jekyll e o Mr Hyde vivem uma dicotomia comportamental. Enquanto navego esses gélidos mares de inverno, o monstro aparece bem mais que o médico.
A cada dia mais indiferente, mais distante, mais frio e racional. A cada dia sentindo menos empatia e comprometimento. Cada dia mais sozinho. E sinto-me bem por isso.
Pela primeira vez, não me sinto confuso com nada. Mas a falta de confusão me confunde.
Mas isso também vai passar, hora ou outra.
Eu não posso sentir raiva para sempre.
Redundante. Como o cão que corre em círculos tentando morder o próprio rabo. Quanto mais ele corre, mais o rabo foge.
Vivemos numa época onde ninguém mais está bem. Todos estão perturbados, confusos, deprimidos, perdidos. Não conheço sequer uma pessoa com a cabeça no lugar.
Estamos todos loucos, cada um na sua maneira.
Mas nesses tempos, a sanidade tornou-se dispensável. Não preciso dela quando tenho a liberdade da democracia, o conforto dos relacionamentos vazios e o consumismo para preencher esse buraco no meu peito. Sou o homem branco Ocidental feliz do Século XXI.
E assim, esse Corsário que vos narra conta de uma vez por todas os detalhes de seu suicídio social. Puxar o cão, encostar o cano do revólver no céu da boca. De maneira lenta e firme, puxar o gatilho e decorar as paredes do convés com os seus pensamentos.
Não só o Dr Jekyll e o Mr Hyde vivem uma dicotomia comportamental. Enquanto navego esses gélidos mares de inverno, o monstro aparece bem mais que o médico.
A cada dia mais indiferente, mais distante, mais frio e racional. A cada dia sentindo menos empatia e comprometimento. Cada dia mais sozinho. E sinto-me bem por isso.
Pela primeira vez, não me sinto confuso com nada. Mas a falta de confusão me confunde.
Mas isso também vai passar, hora ou outra.
Eu não posso sentir raiva para sempre.
segunda-feira, 15 de julho de 2013
A Hora Mais Fria
Uma vez você me disse que todos mudam, estamos em constante mudança, o tempo todo.
Respondi com uma das máximas da minha vida, com a qual sempre levei um dos mais importantes preceitos da minha breve existência:
"As pessoas mudam o tempo todo, mas não mudam nunca. Ambas afirmações são verdadeiras e falsas ao mesmo tempo."
O que eu perdi, pensei que jamais fosse recuperar. De Macaco a Lobo em noventa dias. Tudo o que eu menos queria na vida. Por um momento, passei a crer que havia passado por uma mudança irreversível, que nunca mais seria o mesmo.
E afinal, quem eu sou? Estou indeciso entre dois "eu"s, um que nasceu 6 anos atrás e outro que agoniza há cento e oitenta dias. Que por mais que eu tente sufocar, ainda insiste em gritar por ajuda.
Então, alguma coisa aconteceu. Algo como o riscar de um palito de fósforo dentro de uma sala escura que ilumina o cômodo por apenas alguns segundos, mas o bastante para saber onde estamos. Minha faísca foi invejar teu choro e sentir, pela primeira vez em um bom tempo, alguma coisa, qualquer coisa.
Empatia. Algo que eu pensei que tivesse perdido.
Desde então, senti um propósito. Abstrato, surreal, utópico e infantil. Mas juro que é a coisa mais simbólica e bonita que eu já senti. Juro que nunca pensei que fosse sentir algo parecido.
Foi o que me iluminou quando eu atingi o fundo do poço. Sem forças, sem chance de sair, sem qualquer perspectiva de melhora. Então tudo isso ficou evidente. A hora mais fria e escura da noite é aquela que antecede o amanhecer. Tal qual o ápice de cada tormenta que ameaça virar navios acontece logo antes da calmaria.
Não quero muito mais que isso. Divagar numa praça na Hora mais fria da noite. Isso não é nada, mas é tudo. Não muda nada, mas muda tudo. E a gente muda, sem saber direito como.
São todas essas pequenas coisas que me fazem não saber o que pensar. E essa necessidade de tentar compreender a mim mesmo torna tudo excitante de novo, como não era há um bom tempo.
Números são apenas números. Amor é apenas amor. Essa é sua vida, passando a cada minuto, a cada dia, a cada choro, a cada riso.
Aprendi com o tempo que nada dura para sempre. Nada mesmo. Você pode lamentar-se ou aprender com isso e seguir em frente. Sempre se pode ganhar mais do que o que se tem para perder.
Então chute seus sapatos para longe e dance como nunca, a Hora mais Fria da Noite está chegando ao fim. E o sol nascendo enquanto se come qualquer coisa em qualquer lugar, só me diz uma coisa: "Nunca é tarde demais para recomeçar". Se o sol "morre" e "nasce" todos os dias, isso só quer dizer que nós também podemos morrer e nascer muitas vezes na nossa vida.
Então reinvente-se. E me ajude a me reinventar.
Respondi com uma das máximas da minha vida, com a qual sempre levei um dos mais importantes preceitos da minha breve existência:
"As pessoas mudam o tempo todo, mas não mudam nunca. Ambas afirmações são verdadeiras e falsas ao mesmo tempo."
O que eu perdi, pensei que jamais fosse recuperar. De Macaco a Lobo em noventa dias. Tudo o que eu menos queria na vida. Por um momento, passei a crer que havia passado por uma mudança irreversível, que nunca mais seria o mesmo.
E afinal, quem eu sou? Estou indeciso entre dois "eu"s, um que nasceu 6 anos atrás e outro que agoniza há cento e oitenta dias. Que por mais que eu tente sufocar, ainda insiste em gritar por ajuda.
Então, alguma coisa aconteceu. Algo como o riscar de um palito de fósforo dentro de uma sala escura que ilumina o cômodo por apenas alguns segundos, mas o bastante para saber onde estamos. Minha faísca foi invejar teu choro e sentir, pela primeira vez em um bom tempo, alguma coisa, qualquer coisa.
Empatia. Algo que eu pensei que tivesse perdido.
Desde então, senti um propósito. Abstrato, surreal, utópico e infantil. Mas juro que é a coisa mais simbólica e bonita que eu já senti. Juro que nunca pensei que fosse sentir algo parecido.
Foi o que me iluminou quando eu atingi o fundo do poço. Sem forças, sem chance de sair, sem qualquer perspectiva de melhora. Então tudo isso ficou evidente. A hora mais fria e escura da noite é aquela que antecede o amanhecer. Tal qual o ápice de cada tormenta que ameaça virar navios acontece logo antes da calmaria.
Não quero muito mais que isso. Divagar numa praça na Hora mais fria da noite. Isso não é nada, mas é tudo. Não muda nada, mas muda tudo. E a gente muda, sem saber direito como.
São todas essas pequenas coisas que me fazem não saber o que pensar. E essa necessidade de tentar compreender a mim mesmo torna tudo excitante de novo, como não era há um bom tempo.
Números são apenas números. Amor é apenas amor. Essa é sua vida, passando a cada minuto, a cada dia, a cada choro, a cada riso.
Aprendi com o tempo que nada dura para sempre. Nada mesmo. Você pode lamentar-se ou aprender com isso e seguir em frente. Sempre se pode ganhar mais do que o que se tem para perder.
Então chute seus sapatos para longe e dance como nunca, a Hora mais Fria da Noite está chegando ao fim. E o sol nascendo enquanto se come qualquer coisa em qualquer lugar, só me diz uma coisa: "Nunca é tarde demais para recomeçar". Se o sol "morre" e "nasce" todos os dias, isso só quer dizer que nós também podemos morrer e nascer muitas vezes na nossa vida.
Então reinvente-se. E me ajude a me reinventar.
quinta-feira, 11 de julho de 2013
A última dança.
O que é catártico não se esquece assim. E ele jamais esquecia, ano após ano.
Ela era a maior promessa do conservatório. A mais graciosa, de movimento mais leves, mais disciplinada. Também era a mais bela e do coração mais puro. E ele era dela.
Talvez fosse a sorte ou seu vasto arsenal de qualidades - provavelmente, um pouco de cada - que a fizeram ser dele também. E talvez azar por estarem juntos na noite que vos narro.
Dezembro, fim de noite e chuva forte. Eles faziam planos para o ano que ia começar, a vida que traçaram juntos. Viver o amor verdadeiro mais belo e mais forte que em qualquer romance ou filme brega.
Ele não lembra direito se foi na curva ou divagando com as garrafas vazias no banco de trás. Um branco, nada mais.
Com lágrimas nos olhos, recebeu a notícia. Ele nunca mais a veria dançar.
Os sorrisos no caminho, um tango de palavras e gestos ao som da música que tocava no carro. Uma última dança antes da cortina vermelha se fechar.
E um último pedido: não mais se lembrar.
Ela era a maior promessa do conservatório. A mais graciosa, de movimento mais leves, mais disciplinada. Também era a mais bela e do coração mais puro. E ele era dela.
Talvez fosse a sorte ou seu vasto arsenal de qualidades - provavelmente, um pouco de cada - que a fizeram ser dele também. E talvez azar por estarem juntos na noite que vos narro.
Dezembro, fim de noite e chuva forte. Eles faziam planos para o ano que ia começar, a vida que traçaram juntos. Viver o amor verdadeiro mais belo e mais forte que em qualquer romance ou filme brega.
Ele não lembra direito se foi na curva ou divagando com as garrafas vazias no banco de trás. Um branco, nada mais.
Com lágrimas nos olhos, recebeu a notícia. Ele nunca mais a veria dançar.
Os sorrisos no caminho, um tango de palavras e gestos ao som da música que tocava no carro. Uma última dança antes da cortina vermelha se fechar.
E um último pedido: não mais se lembrar.
segunda-feira, 8 de julho de 2013
À Deriva
E desde o último verão, navego mares de hipocrisia. À deriva, tentado a beber da água salgada e sofrer o delírio dos marujos que são vencidos pela sede.
Não eu.
Não se paga na mesma moeda, eu sou um mercador emocional, pratico meu mercantilismo no amor e na vida: não quero só vingança, não quero só fazer pagar. Quero isso, mas também quero lucro. Quero sair com mais do que entrei. Porque fui eu que arquei com os custos dessa merda de fragata, eu convoquei marujos, eu contratei cartógrafos, eu demarquei as terras da costa de tudo aquilo conquistaríamos.
Mas se engana quem pensa que vou amargurar, endurecer-me e apodrecer como as bocas dos navegantes com escorbuto. Ainda sou o mesmo idealista que deixou a costa, ainda tenho os mesmos objetivos e valores, com ou sem você.
A minha fé é interior e egocêntrica. E não preciso mentir para ninguém ou me fazer de vítima: eu errei o caminho, me perdi. Mas não foi só culpa minha: os mapas eram imprecisos, as águas tempestuosas e o imediato totalmente covarde.
Mesmo assim, eu navego. O verdadeiro capitão jamais abandona o Navio. Ou completo a viagem ou naufrago com ele. Mas verdade é uma palavra que não faz parte do seu vocabulário.
Não eu.
Não se paga na mesma moeda, eu sou um mercador emocional, pratico meu mercantilismo no amor e na vida: não quero só vingança, não quero só fazer pagar. Quero isso, mas também quero lucro. Quero sair com mais do que entrei. Porque fui eu que arquei com os custos dessa merda de fragata, eu convoquei marujos, eu contratei cartógrafos, eu demarquei as terras da costa de tudo aquilo conquistaríamos.
Mas se engana quem pensa que vou amargurar, endurecer-me e apodrecer como as bocas dos navegantes com escorbuto. Ainda sou o mesmo idealista que deixou a costa, ainda tenho os mesmos objetivos e valores, com ou sem você.
A minha fé é interior e egocêntrica. E não preciso mentir para ninguém ou me fazer de vítima: eu errei o caminho, me perdi. Mas não foi só culpa minha: os mapas eram imprecisos, as águas tempestuosas e o imediato totalmente covarde.
Mesmo assim, eu navego. O verdadeiro capitão jamais abandona o Navio. Ou completo a viagem ou naufrago com ele. Mas verdade é uma palavra que não faz parte do seu vocabulário.
segunda-feira, 1 de julho de 2013
Aos companheiros da Euforia
Você não sente o tédio na procura cega pelo bem-estar?
É tão estranho o conceito da normalidade e da perfeição.
É tão estranho quanto aqueles sábios que se acham tão sábios a ponto de achar que já sabem de tudo e agora o mundo é chato.
Venho por meio deste para escrever meu vicio pela agonia;
Para declarar a paixão natural por desvendar a subversão;
Para provar por meio de palavras que o meu coração corre junto das tempestades mais assustadoras.
Nunca me atraí pelo seguro e tampouco pelo concreto.
Meu coração não se sente vivo ao deitar confortavelmente no travesseiro todas as noites com a certeza que o mundo está perfeito para ser repetido na mesma batida no dia seguinte. É como dormir para a morte; É o mesmo que morrer e não acordar mais.
Meu coração cresceu aprendendo a ressuscitar da terra em todas as luas, como se renascesse todos os dias sendo queimado pelas chamas do Sol.
Ele precisa ser assassinado para seguir seu fluxo natural, para continuar batendo em sua excelentíssima inconstante aventura.
E tendo em fato que esta não é uma forma normal ou conveniente para viver,
Seu assassinato deve ser sórdido e cheio de desventuras, para que não haja a possibilidade de que nem mesmo seu suicídio seja normal.
Para que ele tenha motivos para submergir do fundo do oceano ou crescer da terra como as raízes das arvores;
Para correr e ter motivos para caminhar pelos becos escuros e solitários por onde só caminham os verdadeiros amantes da liberdade, que já foram libertados há muito pelo desprezo e pelo ego, ou pela multidão em meio a tiros de euforia.
Ele precisa ter grandes motivos imperfeitos para refletir
E o gosto pela reflexão é insaciável.
Ele precisa ter motivos pra criar a partir do abstrato que sempre tenta abstrair o incompreensível.
Precisa entender a partir da criação
E não me canso de repetir: Sem destruição, não há criação.
E só discorda disso quem tem um mundo perfeito: Aqueles que procuram assegurarem-se no seguro até o fim da vida, os que só sabem criar em conjunto e acabam se perdendo nos círculos constantes da recriação; Os que sempre estão se escondendo da chegada da morte, como ratos trêmulos que só saem de suas tocas atrás de alimento apenas pra continuar sobrevivendo.
Isso é como morrer em vida
E eu prefiro que a vida me mate todos os dias para me lembrar do gosto insubstituível e inspirador que vem com ela.
É tão estranho o conceito da normalidade e da perfeição.
É tão estranho quanto aqueles sábios que se acham tão sábios a ponto de achar que já sabem de tudo e agora o mundo é chato.
Venho por meio deste para escrever meu vicio pela agonia;
Para declarar a paixão natural por desvendar a subversão;
Para provar por meio de palavras que o meu coração corre junto das tempestades mais assustadoras.
Nunca me atraí pelo seguro e tampouco pelo concreto.
Meu coração não se sente vivo ao deitar confortavelmente no travesseiro todas as noites com a certeza que o mundo está perfeito para ser repetido na mesma batida no dia seguinte. É como dormir para a morte; É o mesmo que morrer e não acordar mais.
Meu coração cresceu aprendendo a ressuscitar da terra em todas as luas, como se renascesse todos os dias sendo queimado pelas chamas do Sol.
Ele precisa ser assassinado para seguir seu fluxo natural, para continuar batendo em sua excelentíssima inconstante aventura.
E tendo em fato que esta não é uma forma normal ou conveniente para viver,
Seu assassinato deve ser sórdido e cheio de desventuras, para que não haja a possibilidade de que nem mesmo seu suicídio seja normal.
Para que ele tenha motivos para submergir do fundo do oceano ou crescer da terra como as raízes das arvores;
Para correr e ter motivos para caminhar pelos becos escuros e solitários por onde só caminham os verdadeiros amantes da liberdade, que já foram libertados há muito pelo desprezo e pelo ego, ou pela multidão em meio a tiros de euforia.
Ele precisa ter grandes motivos imperfeitos para refletir
E o gosto pela reflexão é insaciável.
Ele precisa ter motivos pra criar a partir do abstrato que sempre tenta abstrair o incompreensível.
Precisa entender a partir da criação
E não me canso de repetir: Sem destruição, não há criação.
E só discorda disso quem tem um mundo perfeito: Aqueles que procuram assegurarem-se no seguro até o fim da vida, os que só sabem criar em conjunto e acabam se perdendo nos círculos constantes da recriação; Os que sempre estão se escondendo da chegada da morte, como ratos trêmulos que só saem de suas tocas atrás de alimento apenas pra continuar sobrevivendo.
Isso é como morrer em vida
E eu prefiro que a vida me mate todos os dias para me lembrar do gosto insubstituível e inspirador que vem com ela.
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