domingo, 3 de abril de 2011
Amarás a teu próximo como a ti mesmo?
Bom, pensando aqui sobre a comum relação entre seres humanos e para entender melhor a metade da lógica/razão que há entre tal, citarei um trecho da OBRA, O Mal-estar na civilização, do meu velho amigo Sigmund Freud.
''A realidade nos mostra que a civilização não se contenta com as ligações que até agora lhe concedemos. Visa a unir entre si os membros da comunidade também de maneira libidinal e, para tanto, emprega todos os meios. Favorece todos os caminhos pelos quais identificações fortes possam ser estabelecidas entre os membros da comunidade e, na mais ampla escala, convoca a libido inibida em sua finalidade, demodo a fortalecer o vínculo comunal através das relações de amizade. Para que esses objetivos sejam realizados, faz-se inevitável uma restrição à vida sexual. Não conseguimos, porém, entender qual necessidade força a civilização a tomar esse caminho, necessidade que provoca o seu antagonismo à sexualidade. Deve haver algum fator de perturbação que ainda não descobrimos.
A pista pode ser fornecida por uma das exigências ideais, tal como as denominamos, da sociedade civilizada. Diz ela: ‘Amarás a teu próximo como a ti mesmo.’ Essa exigência, conhecida em todo o mundo, é, indubitavelmente, mais antiga que o cristianismo, que a apresenta como sua reivindicação mais gloriosa. No entanto, ela não é decerto excessivamente antiga; mesmo já em tempos históricos, ainda era estranha à humanidade. Se adotarmos uma atitude ingênua para com ela, como se a estivéssemos ouvindo pela primeira vez, não poderemos reprimir um sentimento de surpresa e perplexidade. Por que deveremos agir desse modo? Que bem isso nos trará? Acima de tudo, como conseguiremos agir desse modo? Como isso pode ser possível? Meu amor, para mim, é algo de valioso, que eu não devo jogar fora sem reflexão.
A máxima me impõe deveres para cujo cumprimento devo estar preparado e disposto a efetuar sacrifícios. Se amo uma pessoa, ela tem de merecer meu amor de alguma maneira. (Não estou levando em consideração o uso que dela posso fazer, nem sua possível significação para mim como objeto sexual, de uma vez que nenhum desses dois tipos de relacionamento entra em questão onde o preceito de amar meu próximo se acha em jogo.) Ela merecerá meu amor, se for de tal modo semelhante a mim, em aspectos importantes, que eu me possa amar nela; merecê-lo-á também, se for de tal modo mais perfeita do que eu, que nela eu possa amar meu ideal de meu próprio eu (self). Terei ainda de amá-la, se for o filho de meu amigo, já que o sofrimento que este sentiria se algum dano lhe ocorresse seria meu sofrimento também — eu teria de partilhá-lo.
Mas, se essa pessoa for um estranho para mim e não conseguir atrair-me por um de seus próprios valores, ou por qualquer significação que já possa ter adquirido para a minha vida emocional, me será muito difícil amá-la. Na verdade, eu estaria errado agindo assim, pois meu amor é valorizado por todos os meus como um sinal de minha preferência por eles, e seria injusto para com eles, colocar um estranho no mesmo plano em que eles estão. Se, no entanto, devo amá-lo (com esse amor universal) meramente porque ele também é um habitante da Terra, assim como o são um inseto, uma minhoca ou uma serpente, receio então que sóuma pequena quantidade de meu amor caberá à sua parte — e não, em hipótese alguma, tanto quanto, pelo julgamento de minha razão, tenho o direito de reter para mim. Qual é o sentido de um preceito enunciado com tanta solenidade, se seu cumprimento não pode ser recomendado como razoável?''
Bom...
É aí em que o meio das 'espécies' ou 'classes' que nossa querida ''liberdade de expressão'' entra e separa os grupos tornando-os cada vez mais ideologicos, por mais fraco que tenha sido em certa década... Acontece que hoje temos a opção de podermos olhar e de certa forma escolher o tipo de indivíduo em que se pode compartilhar o ideal e a química, dependendo do meio em que se vive.
Verde+Verde, Azul+Azul, Amarelo+Amarelo. A lógica é essa.
O ponto da questão é: Até aonde será que irá se espalhar o mais poderoso meio desta vez? A cultura é espelhada hoje em dia nos meios de comunicação mais assessíveis, ou seja, a TV, Internet, Rádio, etc. E quanto mais acessível e popular for o conteúdo, mais a cultura se focará nela, consequentemente levando a civilização e a nova geração a vê-la, ouvi-la, gostando do mesmo. O que acontece é que esses meios de comunicação populares estão devidamente focada em adolescentes, e isso nos leva a modernidade do pop, que hoje em dia está com ênfase em um modismo chamado VIADAGEM. Isso mesmo. Eu não tenho preconceito com opção sexual, e sim do modo em que o caráter e o conteúdo é levado junto em massa. Porra, David Bowie não precisou ficar expondo o seu líbido em sua arte.
O conteúdo está visivelmente perdido e abaixo da IMAGEM. E essa exposição popular e com mensagem fútil está levando a cultura pra um emaranhado de acefalia.
Voltando ao Meio social, conseguimos chegar aos meios do assunto e concluir que o que tá na comunicação mais popular e acessivel, leva inconscientemente o seus 'apreciadores' juntos. Podemos até chamar, levando ao extremo da força de: Lavagem Cerebral. Já que, é inegável a falta de compreensão com grupos alheios, ainda mais se o grupo focar no seu líbido, ao invez de evoluir o seu respeito. Afinal, não somos mais macacos, não é mesmo? Em conseqüência dessa mútua hostilidade primária dos seres humanos, a sociedade civilizada se vê permanentemente ameaçada de desintegração.
Eu não quero tirar a razão de amarmos ao nossos semelhantes, tais como são o espelho de nossos ideais, e não de corpos. Mas a real é que eu realmente estou preocupada com essa decadência de princípios sendo engolidas pela nossa tão popular e artificial natureza humana modernizada.
Queria ver onde isso vai dar...
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