Primeiramente, deixo claro, mais uma vez, que nunca fui rei de lugar nenhum. Nem tampouco tenho um vasto currículo, um diploma de uma entidade respeitada. Não escrevi livros e nem sou um formador de opinião. Não me encaixo em qualquer um dos critérios ridículos que possam endossar a importância do que eu penso, do que eu faço e do que eu digo.
Então desculpe, eu não sou um deus. Nunca serei. Não tenho perfil e nem competência para tal e acredito que jamais terei. Eu sou um nada, apenas um descartável peão num tabuleiro de xadrez, ás vezes nem isso.
Não sou senhor da verdade e nunca acreditei ser. Desculpem-me se eu posso passar essa impressão.
Eu tenho um método muito eficiente para saber o quão boas as coisas estão. Basta ver o intervalo entre o presente e minha última postagem nesse espaço. Quanto mais longo, melhor minha vida está. Quanto mais curto, pior as coisas estão. Simples e eficiente.
Isso é porque eu escrevo aqui sempre que alguma coisa aqui dentro está errada. E se eu estou escrevendo, é porque eu estou sendo derrotado.
Dentro dessa pequena cabeça mora um monstro que quer devorar todas as minhas ambições, me isolar e me impedir de viver a vida plenamente. Vira e mexe ele aparece. Semana sim, semana não, ele faz eu me arrepender de ter nascido e travamos batalhas épicas nos confins da minha mente. E eu perco quase todas elas.
Então me desculpem por ser fraco.
Muitas vezes, por essa fraqueza, eu me torno duro, rude, inadequado. É quase inevitável. Se a boca diz aquilo do que o coração está cheio, não dá pra se esperar coisa boa de quem vive com raiva, medo e tristeza.
Me desculpem por isso também.
E por fim, eu me ponho a escrever no meio da madrugada. É como uma fuga. Como cuspir ao vento as palavras que imploram pra sair de minha boca, mas ninguém mais quer ouvir. E eu encontro, nelas, um estranho senso de beleza, de significância. Há uma melodia tocando por trás disso tudo que eu sou obrigado a ouvir. Então me sinto na obrigação de tentar reproduzi-la de maneira fiel.
Então, me desculpem por ser dramático.
E na minha tentativa fracassada de organizar o caos que é existir - tarefa que todo mundo parece conseguir executar com maestria - eu acabo me perdendo. Não consigo estabelecer metas nem ser responsável com meus compromissos. Muito menos progredir em qualquer sentido.
E me vendo o tempo todo sem razões para continuar, eu ainda me esforço em esperar que as coisas simplesmente mudem e melhorem, mesmo sem conseguir levantar um dedo para fazê-lo.
E ainda estou aqui. Há sete anos sem conseguir sair do buraco onde me enfiei. Cansado de gritar, bebendo água da chuva, comendo insetos e esperando o dia que alguém me jogue uma corda, mas sem ter certeza de que terei coragem para sair e ver o lado de fora mais uma vez.
Isso é tudo que eu sou, é tudo o que me sobrou.
Me desculpem por ser.
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